segunda-feira, 26 de maio de 2025

Cuidar de quem luta: Agentes de pastorais recebem suporte em saúde mental



Diante do cenário de conflitos no campo, oficina virtual ajuda agentes  sobre primeiros cuidados psicológicos e estratégias para  enfrentar a escalada da violência e a luta por direitos.


Por Cláudia Pereira| APC 


Na última sexta-feira (23), a Articulação das Pastorais do Campo (APC) e o projeto ACalmaMente  realizaram oficina de apoio psicológico destinada a agentes pastorais do campo de diversas regiões do país. Representando as seis pastorais e organismos que compõem a APC e regiões do país, os participantes foram chegando na sala virtual e acolhidos carinhosamente pelo grupo de psicólogas. Foram duas horas e trinta minutos  de audição cuidadosa, para sentir e viver as práticas de autocuidado. 

A iniciativa surge como resposta ao cenário desafiador de violência contra povos e comunidades tradicionais no Brasil. O objetivo da APC é não apenas aprimorar as estratégias de autocuidado de seus agentes, mas também multiplicar ações que promovam o bem-estar de mulheres e homens que vivenciam diariamente a luta pelo acesso à terra e por direitos.

O Projeto ACalmaMente, idealizado em 2020 por Marlene Apolinário Vieira e um grupo de psicólogos, nasceu durante a pandemia de COVID-19 com a missão de oferecer suporte psicológico às populações vulnerabilizadas pelo isolamento social. Desde sua criação o projeto já atendeu cerca de 4 mil pessoas em situações de vulnerabilidade no Brasil e em outros países, consolidando parcerias e compartilhando aprendizados sobre primeiros cuidados psicológicos e autocuidado.

Estamos aqui hoje para compartilhar nossa experiência e aprendizado com outras organizações e pessoas que necessitam. É formidável poder falar sobre primeiros cuidados psicológicos e autocuidado, que são fundamentais. Temos a esperança de que este workshop seja muito útil para vocês, assim como é para nós”, destacou André Sobanski, voluntário e integrante do projeto.

A oficina teve início com um momento de descontração e aquecimento corporal conduzido pela professora de Educação Física Rita de Cássia, preparando os participantes para as atividades seguintes. Além de mexer a musculatura do corpo, a professora “quebrou o gelo” deixando todos bem à vontade para absorver aprendizagem e se cuidar também. 

A psicóloga Margeci Leal, especialista em psicologia psicodinâmica, abordou as definições e os processos relacionados a crises psíquicas, que podem gerar traumas e sofrimento. “O trabalho de acolhimento em crises é fundamentado nos ‘primeiros cuidados psicológicos’, um guia da Organização Mundial da Saúde que oferece orientações para tratar pessoas em situações de crise, respeitando sua dignidade e habilidades. O manual é um modelo de ação, não uma regra rígida”, explicou Margeci.


Um dos pontos altos do encontro foram as sessões em pequenos grupos, onde os agentes, acompanhados por psicólogas, puderam compartilhar seus desafios e receber orientações sobre como observar os sinais do corpo e da mente em suas rotinas.

A psicóloga Marlene Apolinário ressaltou a importância do autocuidado, especialmente em tempos de crise, e propôs reflexões sobre práticas que vão além do cotidiano. “O projeto ACalmaMente surgiu como uma semente em meio a uma situação assustadora que foi a pandemia. Estamos no quinto ano, conseguindo acolher a dor de muitas pessoas, mesmo que brevemente”, enfatizou.

Ao final, a psicóloga Maria Aparecida de Oliveira guiou os participantes em uma sessão de relaxamento de 30 minutos, demonstrando a importância da pausa para a observação do corpo e da mente como ferramenta essencial na luta em defesa das pautas dos povos do campo, das florestas e das águas.


“Todos os agentes que participaram hoje têm o compromisso de multiplicar estes ensinamentos para ajudar a diminuir o sofrimento do outro. Nossa gratidão a todos vocês pela parceria do projeto ACalmaMente”, concluiu Ozania Silva, da coordenação da Articulação das Pastorais do Campo.


Nenhum comentário:

Postar um comentário