Em visita às comunidades ao
norte da Bahia, dom Beto Breis, OFM bispo da diocese de Juazeiro e membro da
Comissão de Ecologia Integral e Mineração da CNBB, escreveu uma nota em
solidariedade às comunidades atingidas pela mineração. No dia 18 de março, dom
Beto visitou as comunidades junto a religiosos, agentes da Comissão Pastoral da
Terra (CPT), professores e pesquisadores da Universidade Federal do Vale do São
Francisco (UNIVASF). O momento foi de escuta aos gritos das comunidades
tradicionais que sofrem os efeitos e impactos da empresa Tombador Iron
Mineração Ltda. A empresa além de interferir no modo de vida das comunidades
tradicionais, entre elas a de fundo e fecho de pasto, ribeirinhos e pescadores
do Vale do rio São Francisco, tem destruído o bioma da região.
A empresa atua no município
de Sento Sé (BA), desde 2020, com extração de hematita e minério de ferro nas
proximidades das comunidades da Serra da Bicuda. As famílias sofrem com os
impactos e o fluxo intenso de caminhões que nos períodos de chuva pioram
a situação dos ribeirinhos e pescadores. Dom Beto descreve os sofrimentos das
famílias que relatam as inúmeras violações aos direitos humanos e
ambientais. “Tenho o sentimento de que somos invisíveis” relata um
morador se referindo às condições das estradas que não tem estruturas para
caminhões bitrens, que muitas vezes passam em comboio. “Sinto-me estranho na
minha própria casa e não tenho segurança para ir de moto a Sento Sé”.
Diz outro morador ao falar da insegurança.
A nota também traz relatos
de moradores das comunidades que sofrem com as ações da mineradora Galvani. A
empresa que atua em Angico dos Dias, atua diretamente em território de Fundo de
Pasto. Moradores relatam o uso excessivo de explosivos que tem comprometido as
casas, violando os direitos da comunidade local. Os moradores já formalizaram
denúncias contra a empresa, mas não se responsabilizam
pelos danos provocados.
“Tenho medo de ter que sair
daqui. Minha mãe morreu esperando uma indenização da Chesf”. Quase meio
século depois da Barragem de Sobradinho a maioria das pessoas já morreram. A
realocação das famílias é um trauma. Hoje chegam outros modelos de
desenvolvimento prontos. “Não respeitam as terras dos nossos antepassados”.
Relata um dos moradores de comunidade tradicional de Fundo de Pasto.
Vale ressaltar que as
comunidades nunca foram consultadas e informadas da implantação do
empreendimento que causam danos ambientais e violam os direitos das pessoas que
pertencem ao território.
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