Por Claudia Pereia e Osnilda | Ascom Pastorais
Socias do Campo
Dom José
Valdeci dos Santos Mendes, bispo de Brejo (MA) e presidente da Comissão
Episcopal Pastoral para Ação Sociotransformadora da Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil (Cepast-CNBB) fala sobre a realidade da comunidade tradicional
Baixão dos Rochas, no município de São Benedito do Rio Preto, a 240 quilômetros
da capital maranhense São Luís. Na madrugada de domingo (19), a comunidade foi
atacada por homens armados que incendiaram casas e expulsaram os moradores e
mataram animais domésticos.
Ainda nesta
manhã, dom Valdeci, também esteve reunido com um grupo de parlamentares, que se
articulam com a Comissão Brasileira Justiça e Paz, chamado Fratelli Tutti, que
se encontra mensalmente a partir da inspiração da Encíclica do papa Francisco.
O tema hoje era "Os 10 anos de Pontificado de papa Francisco",
todavia a urgência das violências sofridas pela comunidade de Baixão da Rochas,
relatadas pelo bispo, mobilizou o grupo para realizar as devidas articulações
com o Ministério dos Direitos Humanos, Secretaria-Geral da Presidência da
República e uma solicitação à Comissão de Direitos Humanos e Minorias, da
Câmara dos Deputados, de uma diligência ao território para conhecimento da
gravidade dos fatos e tomada de providências.
As famílias
continuam enfrentando ameaças. Na madrugada desta terça-feira (21), os
moradores ouviram tiros e, em seguida, os tratores da empresa usados para
derrubar as casas, que ficaram atolados no córrego no dia dos ataques, foram
incendiados. Segundo uma pessoa da comunidade, a queima dos equipamentos foi
realizada por jagunços da empresa, “ouvimos um tiro, cachorros latindo e
perseguindo alguém na mata próxima ao Barracão onde estamos acampados, distante
dos tratadores e com segurança policial”.
“As situações
das famílias, sobretudo dos idosos, é delicada neste momento. Ontem passaram à
noite enfrentando chuva, não conseguiram dormir e ainda não tem o apoio de
segurança de forma integral, mas estão resistindo”, comenta o padre Francisco
das Chagas Pereira, coordenador de Pastoral da Diocese de Brejo (MA).
O Programa de
Assessoria Rural da Diocese de Brejo, a Secretaria e o conselho estadual de
Direitos Humanos do Maranhão estão acompanhando de perto a comunidade Uma
equipe da Federação dos Trabalhadores Rurais (Fetaema) se deslocaram para o
município São Benedito do Rio Preto e solicitaram reforço policial. Na manhã de
hoje (21) dom José Valdeci esteve com o ministro dos Direitos Humanos e da
Cidadania, Silvio Luiz de Almeida para pautar as violações dos direitos humanos
que as comunidades tradicionais maranhenses.
“Na medida que
avança o agronegócio principalmente no estado Maranhão oprime as comunidades
tradicionais que também sofrem a ausência do estado, a concessão de licenças
ambientais indevidas a morosidade dos processos e conivência do estado
contribui para estes ataques aos povos de comunidades tradicionais", afirma
dom Valdeci.
As 57 famílias
de agricultores vivem na comunidade, enfrentam o conflito há seis anos, o que
se agravou nos últimos três anos com a chegada de duas empresas de Agronegócios
que reivindicam as áreas da comunidade rural para plantar na região. Segundo o
Instituto de Colonização e Terras do Maranhão (Iterma), a propriedade das
terras reivindicadas pelas duas empresas é irregular.
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