Coordenação da APC reunidos em Brasília - Foto| Cláudia Pereira - APC |
Reunido em Brasília a coordenação
analisou o cenário social e participou do momento de escuta com representantes
do BKC, banco alemão da Igreja Católica
Por Cláudia Pereira | APC
Coordenadores das pastorais que compõem a Articulação das Pastorais do Campo estiveram reunidos em Brasília (DF) nos dias (29/02 e 01/03) na Casa Dom Luciano. Na manhã do dia (29) os coordenadores junto a instituições católicas e organismos da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e Rede Eclesial Pan-Amazônia – REPAM-Brasil estiveram com representantes do Bank für Kirche und Caritas (BKC), banco alemão da Igreja Católica. O momento foi organizado pela Comissão Especial de Ecologia Integral e Mineração da CNBB, o Movimento Laudato Si’ e o BKC.
O
encontro com os representantes do BKC, Richard Böger, diretor executivo, e
Tommy Piemonte, chefe de pesquisa de investimentos sustentáveis, teve como
objetivo reafirmar a importância de investimentos éticos pela Igreja e unir
parcerias internacionais para atuar em benefício do cuidado da Casa Comum. A
instituição bancária alemã investe na linha de serviços de fortalecimento da
sustentabilidade das instituições religiosas. “Somos pautados na temática
ambiental e o nosso envolvimento surgiu com a aproximação do Movimento Laudato
Si e a igreja católica brasileira, a CNBB. Nos últimos anos o desmatamento da
região amazônica fortaleceu o nosso engajamento de forma bastante positiva,
portanto estamos aqui para escutá-los e saber dos processos”. Disse Richard
Böger ao apresentar a instituição.
Mais de dez instituições presentes, entre elas as pastorais do campo,
partilharam das questões que envolvem a defesa da Amazônia e a vida dos Povos e
Comunidades Tradicionais, do qual a Igreja brasileira desenvolve trabalhos e
apoio. Representantes das pastorais do campo agradeceram a oportunidade e
apresentaram a luta dos povos em defesa da terra e dos territórios e como a
monocultura, os grandes investimentos de infraestruturas, créditos de carbono e
a mineração impactam na vida dos povos do campo e das florestas. O pesquisador
e representante do banco, Tommy Piemonte, agradeceu a presença e oportunidade
da escuta e afirmou que deseja formar parceria com as causas que envolvem a
proteção do meio ambiente.
Pastorais e organismos da CNBB participaram do encontro com representantes do banco BKC |
Análise do cenário
social
“A violência no campo continua e não mudou nada, se comparada ao governo anterior"
Inspirados
na Oração ao Criador da Carta Encíclica Fratelli Tutti do Papa Francisco, no
segundo momento da reunião os coordenadores analisaram os processos de luta
para este semestre que envolve as ações dos povos em defesa do campo, das águas
e das florestas. Estudaram possibilidades das ações concretas, formação,
estratégias de incidência política e comunicação. No âmbito de articulação e
processos de fortalecimento das pautas, a temática socioambiental ganhou
destaque em razão do aumento da violência no campo que se agravou nos últimos
dois meses. Embora o governo federal tenha desenvolvido ações, demonstra
incapacidade de reação. “A violência no campo continua e não mudou nada, se
comparada ao governo anterior, até o momento ninguém pauta a reforma agrária”.
Ressaltou Roberto Saraiva, do Serviço Pastoral do Migrante (SPM).
No
campo da formação foi apresentado a grade do segundo módulo do curso de
Especialização em Direito Agrário da terceira turma que acontece neste mês de
março em Luziânia – GO. O curso tem a parceria da Universidade Federal de Goiás
(UFG) e contribui para o fortalecimento dos processos de defesa dos direitos
dos povos do campo, das florestas e das águas. Na comunicação a Articulação das
Pastorais do Campo, além da pauta socioambiental, abordará as eleições
municipais e temáticas que envolvem o orçamento público.
"É importante repensar sobre as nossas narrativas da luta que reflete em nossos trabalhos de pastorais".
Analisando
o momento da conjuntura atual, a coordenação alerta para o posicionamento do
governo que cada vez mais tem pautado as questões macroeconômicas e ficando
mais distante dos direitos fundamentais dos povos. “Nós falamos de esperança. É bom repensar sobre as nossas narrativas da luta que reflete em nossos trabalhos de
pastorais. A manifestação na avenida paulista
do dia 25 fevereiro teve uma narrativa muito forte da teocracia, uma prática da
direita que distorce o contexto, tornando uma instabilidade social”. Enfatizou
Ozania Silvia, do Serviço Pastoral do Migrante. Para Carlos Lima, da
Comissão Pastoral da Terra (CPT), o forte extremismo
no mundo é uma ameaça. Carlos faz referência às eleições que acontecem em
alguns países da Europa e a possibilidade da próxima presidência dos Estados
Unidos ser extremista, é um alerta para o Brasil que sofrerá com os reflexos da extrema direita no mundo.
Foto| Cláudia Pereira - APC |
#PovoseComunidadesTradicionais #LutadosPovos
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