Comunicação CPT Nacional
Diante do episódio de conflito
por terra ocorrido nesta segunda-feira (20), deixando três posseiros feridos
por arma de fogo em ação de pistoleiros, entre os municípios de Lábrea (AM) e
Senador Guimard (AC), a Comissão Pastoral da Terra Regional Acre (CPT-AC) emite
Nota Pública de repúdio à violência no campo, que tem vitimado de forma
impiedosa os povos e comunidades tradicionais da Amazônia brasileira.
Confira abaixo a nota completa
Nota Pública: Repúdio à Violência no Campo e em Defesa da
Amazônia e Seus Povos
A Comissão Pastoral da Terra
Regional Acre (CPT-AC) expressa repúdio à violência no campo, que tem vitimado
de forma impiedosa os povos e comunidades tradicionais da Amazônia brasileira.
Nesta segunda-feira (20), um confronto na Fazenda Fusão, entre Lábrea (AM) e
Senador Guiomard (AC), deixou três posseiros feridos por arma de fogo, em
decorrência de uma emboscada envolvendo pistoleiros.
Este incidente evidencia a
disputa por terra na Amazônia, onde latifundiários e pretensos proprietários
recorrem à violência para expandir suas áreas agrícolas, prejudicando
comunidades locais. Essa expansão frequentemente envolve queimadas e
desmatamento, práticas que violam direitos humanos e estão íntima e
promiscuamente ligadas com o agravamento das mudanças climáticas.
O uso da terra deve cumprir sua
função social, conforme estabelece a Constituição Federal, sendo destinada
àqueles que a cultivam e preservam. As práticas predatórias dos latifundiários,
que promovem desmatamento e destruição ambiental, são incompatíveis com este
princípio e perpetuam a violência no campo.
Exigimos das autoridades um
compromisso firme com a proteção dos direitos dos povos e comunidades
tradicionais da Amazônia. Medidas eficazes devem ser adotadas para garantir a
segurança no campo, coibindo a ação de jagunços e pistoleiros, e punindo os responsáveis
por atos criminosos.
A situação de violência no campo
é agravada pela ação de milícias na região, que atuam em conluio com
latifundiários e grileiros para intimidar e expulsar comunidades tradicionais
de suas terras. Estas milícias empregam métodos de terror e violência, criando
um ambiente de constante medo e insegurança. A presença dessas forças
paramilitares ilegais dificulta ainda mais a defesa dos direitos territoriais e
humanos dos povos que vivem na Amazônia, exacerbando os conflitos e perpetuando
a impunidade.
A área do sul do estado do
Amazonas, especialmente na Zona de Desenvolvimento Sustentável Abunã-Madeira, é
crítica para o bem-viver dos povos e comunidades tradicionais. Segundo dados da
publicação “Conflitos no Campo Brasil 2023”, dos 31 assassinatos registrados no
país, 8 ocorreram nessa região, sendo 5 causados por grileiros. Esses números
alarmantes refletem a gravidade da violência fundiária na área, que é
fundamental para a conservação ambiental e a manutenção das culturas
tradicionais. A escalada de violência e a pressão sobre as terras reforçam a
urgência de ações efetivas das autoridades para proteger os direitos dos povos
e comunidades locais.
A CPT-AC reafirma seu compromisso
com os povos da Amazônia, a justiça social, a defesa dos direitos humanos e a
preservação ambiental. Clamamos pelo fim da violência no campo e pela
implementação de políticas públicas que promovam a paz, a justiça e a sustentabilidade
na Amazônia.
Rio Branco (AC), 20 de maio de
2024.
Comissão Pastoral da Terra
Regional Acre (CPT-AC)
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