terça-feira, 20 de agosto de 2024

Seminário dos Povos e Comunidades começa com momento de escuta dos territórios


Foto Heloisa Sousa CPT - Nacional


Povos  reunidos  para  defender  territórios e milhares de vidas 


 Por Cláudia Pereira | APC 


Em volta da mandala repleta de símbolos da luta dos territórios, sementes e artes,  iniciou na tarde desta terça-feira (20/08) o Seminário dos Povos e Comunidades Contra a Violência no Campo. O evento começou com exaltação ao lema do seminário “Somos terra, somos água, somos vida!”.  Os povos partilharam as lutas e conquistas de seus territórios. Lideranças dos povos indígenas, quilombolas, pescadores artesanais, camponeses, comunidades ribeirinhas, vazanteiros e quebradeiras de coco babaçu e outras representações estão reunidos no Centro Cultural de Brasília (CCB) para debater e denunciar as diversas formas de violência.


O momento de escuta começou com os povos de cada região do país. A cada voz ressoada de ouvia uma denúncia de violência contra os povos,  a cada voz ressoada um grito de clamor por justiça ecoou das regiões do centro-oeste, nordeste e norte do país. “Não estou aqui defendendo a minha vida, estou aqui para defender milhares de vidas do meu território”, disse uma das participantes. 


Os mega projetos relacionados à produção de energia e mineração são um dos enfrentamentos em quase todos os territórios dos povos e comunidades tradicionais, em especial a região nordeste. De acordo com os dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), o país possui mais de 900 usinas eólicas e 80% instaladas na região nordeste. Na região sudeste  as comunidades tradicionais do estado de São Paulo e Minas Gerais são afetadas pela mineração. 

Robson Tremembé do estado Maranhão apontou o aumento dos conflitos em seu território e a exploração ilegal de madeira que avança, destruindo a fauna  e flora do região. As comunidades indígenas do estado também sofrem com a especulação imobiliária. Robson diz que as ameaças são muitas, inclusive de morte, mas diz não perder a esperança. Eles seguem com as produções agroecológicas, defendendo e denunciando os ataques. 


 “Eu tenho esperança de que o nosso território será demarcado e será com ajuda de nossos aliados. Este seminário é um dos meios que nos dá força”, disse Robson. 


Foto - Cláudia Pereira 

Outro grito que ecoou nesta tarde foi da pescadora artesanal Myrelly Gpncalves  do estado de Pernambuco.  Ela destacou também a especulação imobiliária, as cercas nas águas e nos mangues. Junto aos movimentos, Myrelly cita o PL 131/20 que garante a permanência dos pescadores e pescadoras artesanais em seus territórios. O Projeto de Lei que Myrelly cita,  dispõe direitos fundamentais como reconhecimento, proteção e garantia do direito ao território de comunidades tradicionais pesqueiras. A ferramenta pode contribuir para a delimitação, demarcação e titulação. 


Para a organização do seminário que é realizado pela Articulação das Pastorais do Campo e a Campanha Contra a Violência no Campo, o momento é de grande importância. Carlos Lima, da coordenação da Comissão da Pastoral da Terra (CPT), reforça que a pauta é um compromisso de toda a sociedade brasileira e por essa razão o seminário está sendo realizado. 

O objetivo do seminário é dar visibilidade às diversas  violações enfrentadas pelos povos e comunidades tradicionais em todo o Brasil.  O seminário  dos Povos Contra a Violência acontece de 20 a 23 de agosto em Brasília (DF). O evento é organizado pela Articulação das Pastorais do Campo que integram as pastorais do campo e organismos da igreja católica e a Campanha Contra a Violência no Campo, constituída por  entidades da sociedade civil, movimentos populares e pastorais.  


Foto - Heloisa Sousa CPT Nacional 

 


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