Foto Heloisa Sousa CPT - Nacional |
Povos reunidos para defender territórios e milhares de vidas
Por Cláudia Pereira | APC
Em volta da mandala repleta de símbolos da luta dos territórios, sementes e artes, iniciou na tarde desta terça-feira (20/08) o Seminário dos Povos e Comunidades Contra a Violência no Campo. O evento começou com exaltação ao lema do seminário “Somos terra, somos água, somos vida!”. Os povos partilharam as lutas e conquistas de seus territórios. Lideranças dos povos indígenas, quilombolas, pescadores artesanais, camponeses, comunidades ribeirinhas, vazanteiros e quebradeiras de coco babaçu e outras representações estão reunidos no Centro Cultural de Brasília (CCB) para debater e denunciar as diversas formas de violência.
O momento de escuta começou com os povos de cada região do país. A cada voz ressoada de ouvia uma denúncia de violência contra os povos, a cada voz ressoada um grito de clamor por justiça ecoou das regiões do centro-oeste, nordeste e norte do país. “Não estou aqui defendendo a minha vida, estou aqui para defender milhares de vidas do meu território”, disse uma das participantes.
Os mega projetos relacionados à produção de energia e mineração são um dos enfrentamentos em quase todos os territórios dos povos e comunidades tradicionais, em especial a região nordeste. De acordo com os dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), o país possui mais de 900 usinas eólicas e 80% instaladas na região nordeste. Na região sudeste as comunidades tradicionais do estado de São Paulo e Minas Gerais são afetadas pela mineração.
Robson Tremembé do estado Maranhão apontou o aumento dos conflitos em seu território e a exploração ilegal de madeira que avança, destruindo a fauna e flora do região. As comunidades indígenas do estado também sofrem com a especulação imobiliária. Robson diz que as ameaças são muitas, inclusive de morte, mas diz não perder a esperança. Eles seguem com as produções agroecológicas, defendendo e denunciando os ataques.
“Eu tenho esperança de que o nosso território será demarcado e será com ajuda de nossos aliados. Este seminário é um dos meios que nos dá força”, disse Robson.
Foto - Cláudia Pereira |
Outro grito que ecoou nesta tarde foi da pescadora artesanal Myrelly Gpncalves do estado de Pernambuco. Ela destacou também a especulação imobiliária, as cercas nas águas e nos mangues. Junto aos movimentos, Myrelly cita o PL 131/20 que garante a permanência dos pescadores e pescadoras artesanais em seus territórios. O Projeto de Lei que Myrelly cita, dispõe direitos fundamentais como reconhecimento, proteção e garantia do direito ao território de comunidades tradicionais pesqueiras. A ferramenta pode contribuir para a delimitação, demarcação e titulação.
Para a organização do seminário que é realizado pela Articulação das Pastorais do Campo e a Campanha Contra a Violência no Campo, o momento é de grande importância. Carlos Lima, da coordenação da Comissão da Pastoral da Terra (CPT), reforça que a pauta é um compromisso de toda a sociedade brasileira e por essa razão o seminário está sendo realizado.
O objetivo do seminário é dar visibilidade às diversas violações enfrentadas pelos povos e comunidades tradicionais em todo o Brasil. O seminário dos Povos Contra a Violência acontece de 20 a 23 de agosto em Brasília (DF). O evento é organizado pela Articulação das Pastorais do Campo que integram as pastorais do campo e organismos da igreja católica e a Campanha Contra a Violência no Campo, constituída por entidades da sociedade civil, movimentos populares e pastorais.
Foto - Heloisa Sousa CPT Nacional |
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