segunda-feira, 2 de setembro de 2024

Comunidade quilombola de Croatá presta homenagem à Irmã Neusa nas margens do rio São Francisco

 

Comunidade de Croatá (MG) em homenagem a Ir. Neusa que faleceu em 2023
 - foto- Comunidade de Croatá 

 

“A irmã Neuza nos deixou fisicamente, mas espiritualmente ela está com a gente”.

 

Por Cláudia Pereira | APC

 

No último domingo (01) a comunidade de pescadores artesanais da comunidade de Croatá, município de Januária (MG), realizou uma barqueata em homenagem a Irmã Neusa Francisca do Nascimento que foi agente de pastoral da Conselho Pastoral de Pescadores (CPP) no Norte de Minas Gerais. A religiosa consagrada das Irmãs da Divina Providência,  faleceu em agosto de 2023 aos 55 anos e deixou um legado de luta e coragem junto aos povos e comunidades tradicionais, em especial os pescadores artesanais que vivem às margens do Rio São Francisco ao norte de MG.


Entre os caminhos de missão da Irmã Neusa, boa parte de sua vida foi doada às causas dos povos, sua última missão foi junto aos povos da terra e das águas. No domingo ensolarado que iluminava as águas do Rio São Francisco, integrantes da comunidade percorreram de barco trechos do rio que a Ir. Neusa mais gostava. Cantando as músicas favoritas que a religiosa gostava, ao som do violão os integrantes lembraram da religiosa destemida que enfrentava conflitos e se alegrava com cada passo de conquista dos territórios.

“A irmã Neuza nos deixou fisicamente, mas espiritualmente ela está com a gente. Fizemos  essa barqueata andando de barco no rio, como ela gostava de fazer, de andar com a gente no rio e cantamos as músicas que ela gostava. Ela será sempre a nossa referência”, informou Maria das Dores Silva.


Maria das Dores durante a barqueata - Foto- Comunidade

Para Maria das Dores e as comunidades quilombolas, pescadoras e vazanteiras no Norte de Minas Gerais, a religiosa viveu para o povo. Ela que era agente  de pastoral enfrentou junto às comunidades momentos difíceis, como relata Maria das Dores, a Dora como é conhecida.  “A irmã Neuza se doava, ela se entregava para as comunidades, vivia para o povo. Ela enfrentou latifundiários, grileiros e  pistoleiros em nossa defesa. Passamos uma  noite dentro de um carro para dar cobertura à comunidade que estava em conflito. Lembro desse momento em que estava eu, irmã Neuza, irmã Letícia e a Enedina. A comunidade tinha sido expulsa do território e ela enfrentou os capangas  que nos ameaçavam a todo momento. Ela era uma mulher corajosa e nos  encorajava também com suas atitudes firmes”.

Durante a barqueata a comunidade carregava um cartaz que estampava o rosto da religiosa e  frase de força que ela sempre expressava: “Queremos fazer do mundo  um lugar  bom de se viver”.  Para os povos e amigos da Irmã Neusa que enfrentou uma luta contra uma doença agressiva, ela se encantou.












Fotos: Comunidade de Croatá (MG)


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