Em coletiva de imprensa, a coordenação nacional do Grito dos Excluídos e Excluídas, reforça as vozes de denúncia dos povos da cidade, do campo, das florestas e das águas.
Por Cláudia Pereira | APC
Com o lema “Todas as formas de vida importam. Mas quem se importa?" A 30ª edição do Grito dos Excluídos e Excluídas, concedeu uma coletiva nacional de imprensa (03) em formato virtual com a participação de representações das cinco regiões do país para abrir de forma oficial as ações e celebrar os 30 anos de existência. O Grito nasceu na 2ª Semana Social Brasileira da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e durante estas três décadas tem atuado para a articulação popular, denunciando as desigualdades históricas e defendendo a vida em primeiro lugar.
“O nosso grito deve sair alto, mas não a partir da arquibancada, não a partir do palanque, mas a partir do chão do nosso povo, a partir do chão daqueles que sofrem e que exige de nós o nosso testemunho e o nosso compromisso”, manifestou dom José Valdeci Santos Mendes, presidente da Comissão Episcopal para a Ação Sociotranformadora- CNBB, durante a coletiva de imprensa. Dom Valdeci destacou os 30 anos do Grito que significam resistência, denúncia e anúncio.
O lema deste ano, um questionamento crítico, convida à reflexão sobre o cenário socioeconômico atual que tem gerado conflitos, aumentando a desigualdade social extrema e que é responsável pela crise climática.
“Somos contra o marco temporal, nossas vidas importam também, estamos resistindo há mais de 524 anos e os nossos direitos estão ameaçados”
Desde 1995, o Grito dos Excluídos e Excluídas é realizado no dia 7 de setembro, com a proposta de superar um patriotismo passivo em vista de uma cidadania ativa e de participação na construção de uma nova sociedade que seja justa, solidária e fraterna. Nesta semana da pátria todos os gritos de injustiça dos povos da cidade, do campo, das florestas e das águas ressoaram pelo país. “Nós somos sociedade civil organizada e a nossa base, o nosso lugar é a organização popular. Não podemos perder essa dimensão da perspectiva dos desafios, o direito dos excluídos não se omite em fazer as denúncias, há também a colheita dessa caminhada. Portanto, para nós, defender todas as formas de Vida, importam”, disse Alessandra Miranda, assessora da Comissão Sociotransformadora e integrante da coordenação nacional do Grito.
Frei Zeca, articulador do Grito que coordenou a coletiva, apresentou o vídeo com o hino deste ano que ilustrou a trajetória dos 30 anos. Letra e música estão disponíveis para cantar e gritar em todos os Brasil. Em seguida foi aberto espaço para ecoar os gritos das representações de movimentos, pastorais e organismos das cinco regiões do país. Entre as vozes ecoou o grito do indígena Eliomar Tukano da região norte, que denunciou a violência contra os povos indígenas e o avanço do agronegócio e garimpo nos territórios da região amazônica. “Somos contra o marco temporal, nossas vidas importam também, estamos resistindo há mais de 524 anos e os nossos direitos estão ameaçados”, disse Tukano.
“A minha maior indignação desta tragédia anunciada desde 2018, é a deficiência dos órgãos públicos".
Outro momento que marcou a coletiva foi o grito da Ilisiane Vida que representou as famílias atingidas pelas enchentes em Porto Alegre. Ela falou das consequências da tragedia que está apagada da grande mídia. “A minha maior indignação desta tragédia anunciada desde 2018, é a deficiência dos órgãos públicos. Atualmente, há 20 mil pessoas em abrigos, mais de 130 mil pessoas desalojadas, 300 pessoas feridas e mais de 150 morreram. O poder público comete falhas e injustiças com os mais pobres que sofreram nessa calamidade”, informou a representante da rede de apoio.
Outras representações da cidade, do campo e das águas aproveitaram o espaço para denunciar as violações sofridas. Luciano Galeno do Conselho Pastoral dos Pescadores lembrou dos cinco anos do derramamento de óleo na costa brasileira até o momento sem reparação. Lenora Rodrigues do estado do Maranhão, representando a Comissão Pastoral da Terra (CPT- MA), denunciou o avanço do agronegócio e os projetos de morte que atingem os povos e comunidades tradicionais. Andreia, que representa o Movimento Mães do Cárcere, gritou sobre as lutas das mulheres periféricas, as injustiças e a violência urbana.
Em cada região do país haverá atividades, basta acompanhar a rede do grito para saber horário do local.
- O tema deste ano é : “Vida em primeiro lugar” e o lema de 2024: “Todas as vidas importam, mas quem se importa?”
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- Canais do Grito: @grito.dos.excluidos e gritodosexcluidos.com
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