NOTA PÚBLICA
“Ai daqueles que fazem decretos iníquos e escrevem apressadamente
sentenças de opressão, para negar a justiça ao fraco e fraudar o direito dos
povos” (Is 10,1-3ª)
O Serviço Pastoral dos Migrantes (SPM), a Comissão Pastoral
da Terra (CPT), o Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP), Pastoral da Juventude
Rural e a Caritas Brasileira, vêm a público manifestar seu repúdio às difamações
que vêm sofrendo os Missionários e Missionárias comprometidos com a defesa dos
direitos fundamentais dos Povos Indígenas por parte de determinados
setores econômicos, de políticos e de parte da grande mídia nacional. Estes vêm
insinuando de maneira covarde ou afirmando categoricamente que membros do
Conselho Indigenista Missionário (CIMI) cometem delitos ao se posicionarem
favoravelmente aos direitos constitucionais que possuem os Povos Indígenas.
O CIMI é um organismo vinculado à Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil (CNBB) que, em sua atuação missionária, conferiu um novo
sentido ao trabalho da Igreja Católica junto aos Povos Indígenas. Em sua
atuação, desde 1972, sempre procurou favorecer a articulação entre aldeias e
povos, promovendo as grandes assembleias indígenas, onde se desenharam os
primeiros contornos da luta pela garantia do direito à diversidade cultural.
Para esta nova sociedade, forjada na própria luta, o CIMI
acredita que os Povos Indígenas são fontes de inspiração para a revisão dos
sentidos, da história, das orientações e práticas sociais, políticas e
econômicas construídas até hoje.
Não podemos nos calar diante das injustiças, sobre a
tendenciosa solicitação de indiciamento de indígenas e de membros do CIMI, de
quem, em diferentes funções contribui para a defesa dos direitos dos Povos
Indígenas. No relatório da CPI, há solicitação de indiciamento de indígenas, de
antropólogos/as, de procuradores/as federais e estaduais, de servidores/as
públicos da FUNAI, do INCRA e de outras instituições públicas, inclusive destes
missionários/as. Percebemos que há uma clara tendência dos parlamentares de,
além de intimidar, criminalizar os membros do CIMI. É uma clara estratégia da
bancada Ruralista do Congresso Nacional que objetiva intimidar organizações da
sociedade civil e agentes públicos afim de que não atuem na causa na defesa e
viabilização dos direitos dos Povos Indígenas consagrados na constituição de 1988. Este tipo de
ação deliberada do legislativo aliado à omissão e recuo das políticas do
executivo e a criminalização e parcialidade de grande parte do poder judiciário
tem favorecido um clima de insegurança, crescimento da violência num crescente
processo de impunidade causando um clima de terror entre os povos indígenas.
Neste sentido, estamos em alerta e acompanhando a reunião da CPI e o seu
desenrolar, para denunciarmos essa farsa, que busca imobilizar aqueles e
aquelas que no exercício de sua cidadania defendem estes povos tão
marginalizados e perseguidos pelo poder do capital.
Reafirmamos nossa solidariedade e comunhão com o CIMI,
fortalecendo o processo de autonomia desses povos na construção de um projeto
alternativo, pluriétnico, popular e democrático.
Brasília,15 de maio de 2017.
Comissão Pastoral da Terra (CPT)
Serviço Pastoral dos Migrantes (SPM)
Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP)
Pastoral da Juventude Rural (PJR)
Cáritas Brasileira
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