Por Cláudia Pereira | Articulação das Pastorais do Campo
A Romaria das Águas e da Terra envolve os estados do Espírito
Santo e Minas Gerais, que sofreram graves consequências com o rompimento da
Barragem de Fundão, da empresa Samarco em Bento Rodrigues, no município de
Mariana (MG). No dia (18), participantes das comunidades que compõem as regiões
do Rio Doce realizaram a 6ª Romaria em Regência (ES), com objetivo de alertar e
denunciar os crimes que as mineradoras têm causado à biodiversidade. O momento
também recorda as injustiças e a morosidade do Estado em reparar os danos
causados aos povos tradicionais, que oito anos convivem com os rejeitos de
minérios que não foram retirados pela empresa.
Com o tema “Bacia do Rio Doce, nossa Casa Comum” e lema “No
princípio, o Espírito de Deus pairava sobre as águas” inspirado em Gênesis
1,1-2, a romaria manifestou em carta denúncias e anúncios pela regeneração
social e ambiental de toda a extensão da Bacia do Rio Doce. O manifesto fez
memórias de todas as romarias realizadas e recorda a data do crime ocorrido em 05
de novembro de 2015, que vitimou 19 pessoas e causou destruição de proporções
irreparáveis ao ecossistema. A carta exige punição e reparações para as
comunidades atingidas e denuncia a ação do Estado, que repactua os acordos sem
transparência nos processos e sem a participação dos atingidos e atingidas.
O tema da 6ª Romaria alinha com a campanha Junho Verde,
momento de sensibilização ambiental, do qual a Igreja convida a sociedade a participar
de ações e compromisso com a promoção e
a defesa da vida e fortalecer a ecologia integral.
“Unidos, como atingidos e atingidas, de toda a extensão da
Bacia do Rio Doce, denunciamos e nos manifestamos contrários à violência da
mineração predatória. Violência que tem causado violação de direitos humanos e
da natureza, com a contaminação e o assoreamento de nossos rios, perda da
biodiversidade, desmatamento; violência contra a cultura, a autonomia e a
soberania de nossas populações; e pobreza e caos social em áreas no entorno da
mineração”. Clama um trecho de denúncia da carta ao Povo de Deus.
A carta finaliza reafirmando o compromisso em avançar no
processo de mobilização e consciência social em defesa da Bacia do Rio Doce e
da vida humana, que depende do meio ambiente para a sua própria
existência. O esforço de todos pela justiça ambiental e social, é
fundamental para os territórios dos povos tradicionais dos estados de Minas
Gerais e Espírito Santo e todos os estados da região.
Leia aqui a
carta na íntegra. https://drive.google.com/drive/u/7/folders/1vpO51Mt3Ot1L8N6tS7V0DSbmJmCFGWSZ
Fotos: Vinícius Gardiman e Franciara Moro
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